Dilma ganhou a eleição no presídio mais perigoso do país
A 176ª
seção da 90ª Zona Eleitoral do Maranhão, em São Luís, teve,
provavelmente, o maior índice de abstenção do país: 97,9%. Instalada no
temido complexo penitenciário de Pedrinhas, a seção deveria ter recebido
48 detentos, mas só um apareceu para votar no último domingo (26). O
motivo foi a concorrência com o dia de visitas no presídio: presos
consideraram a operação para levá-los das celas até a sala de votação
“muito demorada” e preferiram continuar com as visitas. “Eles não
quiseram sair [das celas]. Disseram que passariam muito tempo longe e
preferiram ficar com as famílias”, conta Ariston Apoliano,
coordenador-executivo da Unidade de Monitoramento Carcerário do Tribunal
de Justiça maranhense, que participou da organização do pleito.
O
único detento que aceitou sair da cela para votar no domingo escolheu
Dilma Rousseff (PT) para presidente. A petista já havia vencido o
primeiro turno em Pedrinhas, com seis votos no dia 5 de outubro. Na
ocasião, três detentos escolheram Marina Silva (PSB) e nenhum votou em
Aécio Neves (PSDB), que perdeu até para os brancos (dois) e nulos (um).
Palco
de rebeliões, fugas, guerra entre facções criminosas e 78 mortes desde o
início de 2013, Pedrinhas exigiu uma logística complexa para a votação.